sexta-feira, 18 de maio de 2007

João Octávio dos Santos

por Kurt

João Octávio dos Santos Nasceu em 8 de março de 1830 na cidade de Santos. Afilhado de João Octávio Nébias, o Conselheiro Nébias, e filho de ex-escrava, Dona Escholastica Rosa de Oliveira, João Octávio dispunha de poucos recursos financeiros e, por isso, não tivera fácil acesso a educação. Apesar disso, era dono de uma inteligência privilegiada e força de vontade incomum. Assim, desenvolveu-se de forma autodidata e começou a trabalhar ainda bem jovem no comércio de nossa Cidade.

Em pouco tempo, passou a comerciante exportador de banana, dominando os mercados interno e externo e chegando a vender muitos produtos até para a Argentina e para o Uruguai, o que era muito dificultoso à época devido à escassez de recursos para transporte, especialmente de produtos perecíveis. Sua atividade comercial rendeu-lhe considerável fortuna, a qual foi sendo acumulada através da aquisição de diversos bens imóveis. O primeiro deles está situado, na atual Rua do Comércio, que na época se chamava Rua Santo Antônio, precisamente no número Vinte e Sete.

João Octávio dos Santos vivia no período no qual a escravidão passara a ser condenada em diversos países. Sempre avesso à exploração de negros e pobres, com o início do movimento abolicionista que se deflagrara na Europa, foi um dos grandes patrocinadores do movimento pela abolição da escravatura no Brasil.

Seu perfil de homem público levou-lhe a assumir a liderança da Irmandade da Santa Casa de Santos, onde permaneceu por quase vinte anos, em dois períodos: de 1875 a 1878 e de 1883 a 1896. Como político, militou no Partido Liberal e alcançou a vereança da Câmara Municipal de Santos em 1865, permanecendo até 1893, ocupando por mais de uma vez a presidência da Mesa.
Nos anos que se seguiram, João Octávio dos Santos foi acometido por arteriosclerose. Diante da iminência de sua morte, e não havendo herdeiros diretos, pois nunca casara ou tivera filhos, lavrou um testamento que, em 09 de julho de 1900, após seu falecimento, foi aberto. Nele, João Octávio dos Santos demonstrou mais uma vez sua nobreza e generosidade: doou todo seu patrimônio a amigos e a diversas instituições, dentre as quais estavam o Asilo de Órfãos e a Igreja Matriz de Santos. Porém, a principal donatária de seu patrimônio foi, sem dúvida, a estimada Santa Casa de Misericórdia de Santos, a qual recebeu diversos imóveis e, junto a eles, o digno encargo de construir, no espaço onde era a morada de João Octávio, o principal legado de nosso patrono: a Escola Profissionalizante Dona Escholastica Rosa, em homenagem à sua mãe, inaugurada em 1.° de janeiro de 1908.

A incumbência pela construção da escola fora atribuída a sua amigo e compadre Julio Conceição, então provedor da Santa Casa, o qual deveria fazê-la ocorrer nos moldes vislumbrados por João Octávio dos Santos e assim consagrados em sua manifestação de última vontade: o objetivo era de se construir uma instituição onde se pudesse assegurar educação, cultura e profissão a órfãos e bastardos. O regulamento da escola, esboçado por João Octávio, proibia castigos físicos e estipulava que cada aluno deveria receber gratuitamente um enxoval, com uniformes de gala e de uso diário. Determinava, ainda, que alguns funcionários, professores e o diretor residissem no local, cabendo a este último a tarefa de fazer todas as refeições com os internos, comendo da mesma comida e ensinando-lhes bons modos à mesa, em substituição à figura paterna. Para garantir a manutenção da escola, João Octávio deixou uma sorte de imóveis cujos alugueres deveriam ser a ela dedicados. Um dos exatos 74 imóveis doados fora, justamente, o primeiro por si adquirido, em 1885, e que na época abrigava a filial do Banco de São Paulo em nossa cidade.

Até 1931, a escola dona Escholástica Rosa permaneceu sob a administração da Santa Casa de Misericórdia, época em que foi assinado um convênio com o governo do Estado, pelo período de 50 anos. Por volta de 1980 o internato foi desativado e o Estado firmou com o hospital, mantenedor da escola, um contrato de locação que dura até os dias atuais. Tombado em 1992, o prédio, localizado no número 111 da Av. Bartolomeu de Gusmão, no bairro da Aparecida, defronte à praia, acha-se em processo de restauração.

Podemos ainda ressaltar algumas das homenagens pelo povo santista a João Octávio dos Santos ao longo dos anos. São elas:

• A estátua localizada no jardim da praia, defronte à Escola Dona Escholastica Rosa, cuja colocação fora autorizada pelo Dr. Antonio Feliciano, prefeito municipal ‘a época, através do decreto n.° 1.902/56; um mausoléu com uma estátua de João Octávio lendo um livro, localizada no interior da escola por si idealizada;
• A E.E.P.G. “João Octávio dos Santos”, localizada no Morro do São Bento;
• D. A. “João Octávio dos Santos” – dos alunos da Faculdade de Tecnologia (FATEC) da Baixada Santista; e
• Rua João Octávio – localizada no bairro do Paquetá, tem seu início no cemitério daquele bairro, onde descansam grandes homens de sua história, tais como Martins Fontes e Mário Covas, e termina no encontro com a avenida Gal. Câmara.

João Octávio e a Maçonaria - Não existem registros de que João Otávio tenha pertencido à nossa Ordem, mas a sua obra, suas atitudes, seu caráter e principalmente o seu coração refletem o perfil de um verdadeiro Maçom. São essas notáveis e espontâneas ações emanadas de João Octávio dos Santos, seus beneméritos feitos, que nos fazem orgulhosos de ter seu respeitável nome cunhado em nossos corações, que nos fazem ser sempre irmãos Octavianos.

BIBLIOGRAFIA:
http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0227.htm
http://www.vivasantos.com.br/01/01a.htm
http://www.santos.sp.gov.br/comunicacao/historia/joao.html
http://atribunadigital.globo.com/bn_conteudo.asp?cod=223096&opr=71

Um comentário:

Alcides Catharino disse...

Meu nome é Alcides Carlos Catharino, gostaria que consta-se no blog que existe em Santos uma loja maçônica "João Otavio dos Santos" fundada por mim um ex interno, e não só o mesmo ser reconhecido e homenageado por sua obra em nossa cidade como também pelo mundo maçônico.

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