sábado, 26 de maio de 2007

A Carteirada

por Kurt

Todo mundo quer ser alguma coisa, desde que essa coisa tenha uma carteira respectiva, algo que lhe conceda privilégios ou abram portas.

Primeiramente, devemos dinstiguir privilégio e prerrogativa. O primeiro é regalia, é vantagem que uma pessoa ou grupo leva sobre os demais, ao passo que prerrogativa é direito especial inerente a certo cargo ou função. Aqui, tratarei exclusivamente da carteirada como um privilégio.

Como eu dizia, todo mundo quer ser alguma coisa, seja para não pagar ou para pagar menos; para não enfrentar fila ou enfrentar a fila menor; para não ser obrigado a nada ou obrigado a menos. Assim, tradicionalmente, criou-se um símbolo distintivo que destaca a condição ou graduação de seu portador. É a famosa Carteirada.

Se eu fosse dono de boate, colocaria na casa uma placa mais ou menos assim: "por favor, tenha à mão seu ingresso e sua carteira", pois todo mundo quer dar a sua carteirada, ainda que esta não lhe conceda qualquer direito excepcional.

Existe, ainda, a carteirada "ficta", isto é, aquela que é feita sem a exibição de qualquer documento. Dá-se verbalmente. São os "amigos do rei", embora a maior partes deles nem amigo é, mas usa o nome do juiz, do vereador, do policial, para ter aquele atendimento "especial".

Como o objetivo desse texto é fazer você rir, e não fazer pensar, ou refletir (quem reflete é espelho), a carteirada SUI GENERIS, eleita a CARTEIRA DO SÉCULO, é, sem "sombra" de dúvidas (entre aspas porque dúvida é algo abstrato e, portanto, incapaz de bloquear a passagem de luz, isto é, fazer sombra) a carteira de ACADÊMICO DE DIREITO. Se você é estudante de direito, ou pelo menos está matriculado neste curso, adquira já a sua. Não perca tempo. Afinal de contas, você só poderá usá-la durante cinco anos.

Compre a sua antes que seja tarde!





Um comentário:

Unknown disse...

Caro Caio,

Não sou espelho, mas ao ler o seu texto acabei por, reflexamente, refletir sobre a famigerada “carteirada”.
Como você bem observou, as pessoas sempre anseiam levar vantagem em qualquer coisa que seja; mais do que isso, buscam sentir-se importantes, especiais, preferidas às preteridas.
Devemos reconhecer que “a carteirada” é uma jocosidade, no fundo da alma, patética!
O que dizer então de usar um símbolo institucional para furar filas em baladas ou economizar alguns trocados? Infâmia!
No entanto, num país (ou devo dizer circo?) como o Brasil, quem irá se dar conta disso?!
Haverá de chegar o tempo em que a luz da consciência pairará sobre nós pecadores. Não deixemos que a mediocridade de uma carteirada ofusque os valores supremos que nos levaram à investidura!

Um abraço carinhoso,

Mayla
26/05/2007

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